Seus olhos azuis

olhos


 Você continua acordando todas as manhãs e abrindo os seus lindos olhos azuis. Porém não sou eu o motivo. Aquela velha história de que viveria cada dia pensando em mim, se foi. Mas você nunca me entenderá mesmo...


 Sei que não se lembrará mais da canção que fiz, da poesia que recitei e nem da receita inventada por mim naquele almoço de domingo, logo no almoço em que conheceu meus pais. Não se recorda do acorde que aprendi a fazer? Você provavelmente esqueceu.


 E eu que me recordo até do futebol que tentou me ensinar e daquela operação matemática que só não é mais complicada que o nosso amor... Nossa história não era uma incógnita até acabar. Foi o fim que me trouxe tantas perguntas. Será que realmente me amou? E se não, como eu não enxerguei? E se sim, por que eu estou duvidando?


 No meio de todas essas incertezas, eu queria ter direito à última sessão de cinema, ao último roubo do seu casaco só por causa do cheiro do seu perfume. Não suporto a ideia de os seus olhos azuis não brilharem mais por mim e por não serem mais a inspiração das minhas canções. É inadmissível não caminhar na praia toda manhã de sábado acompanhada e não ter para quem compor.


 Isso tudo só não é mais absurdo que chorar e me lamentar por você. Pelas suas atitudes. Por um garoto tão infantil. Esse que você demonstrou ser. Prefiro chorar de saudade a sofrer com tua presença. Seja livre, mas antes, me liberte de você, do seu coração.


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Jantar de despedida

 3


Eu te liguei. Dessa vez não quis esperar o cavalheirismo de você me procurar. E você me atendeu com aquela voz cansada de quem acabara de sair de uma partida de futebol. Estranho, não me recordo de ter lhe chamado para nada depois do futebol e você aceitar. Marcamos no restaurante do primeiro encontro e não muito tarde, porque eu tinha aula no dia seguinte.

Cheguei 15 minutinhos atrasada, fiquei na dúvida entre um peep toe e uma ankle boot. Ambos combinavam com a roupa. Nem precisa ligar para saber que mesa você tinha escolhido. Era a mesma. Sempre aquela embaixo do ar condicionado e dois sucos de laranja. "Nossa, você tá linda. O que você vez no cabelo?". Sim, você sabia me agradar.

O meso prato da primeira vez que estivemos ali. Faculdade, família, escola, minha roupa, seu cachorro que estava doente. Papo vai, papo vem e acabamos entrando no assunto do nosso namoro. A retrospectiva que fizemos daqueles oito meses, foi bem mais detalhada que aquela que a Globo faz todo final de ano. Minha risada escandalosa chamou a atenção de todo o restaurante. Ah, eu amo o petit gateau daqui. E amo ainda mais dividí-lo com você.

E na metade da sobremesa, deixei escapulir: "já não dá mais". Você tinha certeza que eu não estava falando do petit gateau. Era sobre nós dois. Concordávamos, tínhamos certeza que seria desgastante dali pra frente. Viveríamos a partir daí caminhos individuais. Ei, você passou para a faculdade dos seus sonhos. Não havia espaço para uma crise de choro depois dos mais maravilhosos oito meses das nossas vidas.

Pagou a conta e trouxe balinha para mim. Você nunca deixou de ser cavalheiro. Nunca. "Eu te levo em casa". Não haveria motivo para recusar, eu nunca recusei, nem após nossas discussões. Chegamos no portão. "Adeus?", você me perguntou de longe. E eu disse tchau. Demos um passo, apenas um passo e nos beijamos da forma mais suave, doce e apaixonada de todos os tempos,

Para não restar dúvida, você afirmou: "Terminamos. Nós precisávamos tomar essa decisão". Respondi balançando a cabeça com o sim mais confuso que já pude dizer. Acabou.

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