Eu odeio



  Eu prometi te deixar há alguns meses, mas eu mais uma vez optei pelo seu sorriso e pelo quentinho do seu edredom azul. Continuo com o olhar de quem nada sabe e com a risada presa pela fadiga. E eu queria saber. Queria muito saber o que nós somos, mas tenho medo da resposta. Medo daquela palavra de 4 letras que é o antônimo de tudo. Continuo te arrastando por aí como se fosse algo leve para mim, que sou tão fraquinha e que estou me matando aos poucos. Continuo colocando aquela venda preta sobre meus olhos, que já pedem voz à boca só para gritar “socorro!!!”,  com todas essas exclamações no final. Porque, coitados. Tão cegos. Tão inertes. Finjo não ver todas essas mensagens que chegam no seu celular enquanto conto do meu dia e do trabalho. Os seus olhos nos shorts de outra mulher. E até a sua boca em uma que não é a minha.

 Lembra de quando disse que você era meu fantasma? Descobri que, na verdade, sou eu que tenho poderes sobrenaturais. Sou invisível. Tenho sido. Como quando tentei te contar do problema no trabalho. Quando perguntei quando nos encontraríamos de novo. Como no dia que segurei o choro ao contar do sonho em que perdia um bebê que, na realidade, nem estou esperando. Mas, você sabe, eu sempre quis ser mãe. E você falou “isso é assim mesmo. Quando você acorda, acaba”.  Então sabe o que eu realmente queria? Acordar de você. Despertar desse pesadelo que é te esperar no portão com uma caixa de pizza e uma garrafa de Coca-cola para ter que passar o resto da noite em silêncio, porque é dia de jogo e, você sabe, cara, jogo é jogo. Estou guardando todos os meus silêncios para o dia em que, enfim, gritarei independência.

 Você me tortura sem precisar dizer ou fazer nada. Porque, meu bem, o nada é que dói. Acordar e nada. Nem um bilhetinho para dizer que sim, foi bom estar com você e seu chefe vai aprovar seu projeto. Dormir e nada. Aliás, eu prefiro dormir na minha casa, sozinha na minha cama, a dormir na sua, olhando para as suas costas que são tão acolhedoras quanto a expressão que você faz para mim. Mas às vezes, no meio da madrugada, você me acordava só para confessar algo que mais ninguém sabia. E foi a essas partes de nós que me apeguei para chegar até aqui menos calejada. Como na noite que me contou sobre o seu medo de barulho no telhado. Eu tenho esse mesmo pânico. Mas é do silêncio. Que. Você. Faz. Porque eu tenho mais medo é de falar de você e do que me causa. De todo esse movimento que acontece aqui dentro quando você me olha nos olhos.


 Eu odeio. Você e tudo isso que trouxe para minha vida. E todo aquele carinho que me dispõe quando há alguns copos de vodca dentro de você, onde deveria haver alguma consideração. Odeio o fato de você ter me levado para jantar. E ter feito todas aquelas pessoas olharem para nós com admiração. Como se fôssemos algo mais que duas pessoas que fogem de si e do amor. Como se fôssemos o que o outro realmente quer. Odeio que não tenha o mesmo cuidado com o que sinto, como o que teve nas poucas vezes que te deixei tirar meu sutiã, tão leve e delicadamente, que nem percebi, só senti o arrepio de saber que seus dedos deslizavam pela minha pele. Odeio esse cheiro de cigarro. E não odeio só o cheiro. Odeio esse cigarro no canto da carteira que, eu sei, você vai acender assim que perceber que eu não estou mais nessa, que não tem mais livros espalhados no seu criado mudo. Sentado no meio fio. Vai fumar o cigarro inteiro, entrar em casa e deitar. E amanhã vai trabalhar, ver o jogo, deitar para dormir e virar para a parede. Assim como quando eu estava aí. Porque eu era um mero detalhe. 

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Como gavetas



 Toda vez que passo um tempo sumida do blog, dou desculpas esfarrapadas em relação à falta de tempo e ao excesso de compromissos. Não que não seja verdade, mas não a principal causa. Esse ano passei a ver esse espaço como uma caixa de lembranças. Durante o tempo ausente, gravei alguns vídeos e tive ideias para novas pautas. Aí fiquei sem internet no período de um mês. Vocês sabem como é, às vezes só precisamos de um tempo. E de ficar sozinhos. Tanta coisa inesperada e positivamente surpreendente aconteceu, que deixei algumas coisas de lado para abraçar as novas oportunidades. Ou deixar algumas outras. Só posso dizer que deu certo.

 Percebi que andava dando sinais de que estava caminhando na direção oposta à que almejo. Há uns meses, li no Facebook uma teoria de que nossa vida refletia o estado das nossas gavetas. Abri meu closet e vi que as minhas estavam aparentemente bonitas, desde que estivessem fechadas (na verdade as roupas estavam emboladas e amontoadas). Arrumei tudinho e doei algumas roupas. Seria muita superstição dizer que a partir desse dia as coisas que pareciam confusas começaram a se ajustar?

 O importante é que, mais uma vez, aprendi bastante. E quem lê o DDD com frequência sabe: não sem ouvir algumas músicas tristes e me entupir de Kit Kat. I'm back, bitches! (desculpem-me pelo palavrão, o vício em PLL me obriga a usar essa frase).

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Ouça bem, menina


Leia ao som de Just a Little Bit of Your Heart, da Ariana Grande.


Eu tenho te observado quieta pelos cantos. Vi que, ainda esses dias, você chorou quando comentaram sobre o filme que estreou mês passado. Na verdade, tenho te observado, sabe? Não é de hoje. E, menina, chega disso. Nem calculo quantas pessoas já devem ter lhe dito essa frase e sei também que não esperava que fosse mais uma delas, mas já pensou que todos podem estar certos? E estão.

 Tenho te olhado desde dezembro, desde o banco da praça e do beijo que você deu nele. Eu te vi no ano novo, pedindo às estrelas, que esse ano fosse o de vocês. Eu sinto muito, mas é impossível passar 365 dias ao lado de quem só lhe quis por uma semana. Sabe, menina, eu o vi no carnaval. Vi que ele bebeu e que lhe trocou por várias que, juntas, não davam nem metade do que você é. E, em silêncio, te observei chorar no travesseiro, longe de tudo, imaginando o que ele faria naquele momento. Ainda bem que você não pensou nessa possibilidade, porque doeria um pouco mais. Lembra daquele dia que chegou em casa ainda com o frio na barriga e pôde jurar por tudo e todos que sim: dessa vez sim? Mas não. Não era nada disso e até eu, mero narrador, achei que fosse. Dizem que é errado me envolver na história, mas por uns momentos torci por você e, confesso, também pedi às estrelas. Porque, quando você sorri, o mundo para, menina. Para e te olha, concordando em uníssono: há amor em algum lugar. E você merece vivê-lo.

 Você é doce, no falar e no cheiro. Nesse vai-e-vem-tic-tac, perdida, você ainda ouve aquela música sem perceber que, no fundo, é você que não sabe por onde anda enquanto tanta gente te procura. Junta todos esses pedacinhos e relembra quem você era em setembro do último ano. Você era completa. Era feliz. Não procurava em todos os rostos, em todas as esquinas quem te flechou. E, sem romantizar: não se trata de cupido. Ele te enfiou uma flecha no peito e vem te matando dia após dia. Quantas vezes o sol vai precisar nascer e se pôr para você perceber que já não existe nem resquício de vocês? Evaporou. Lembra da equação dos gases perfeitos, em Química? Pois bem. Use-a para esse amor solitário, que mais me parece uma cruz.

Ouça bem, menina: você é uma raridade. E, era segredo, mas existe um mundo inteiro esperando o seu primeiro passo para girar mais rápido e te fazer dançar. Ligue para o salão, marque a tão adiada mudança e, junto com o excesso de pontas, deixe toda essa tristeza no chão. Colora o cabelo e a vida. E me esqueça, você não precisa mais de um narrador. Pegue a caneta e escreva sua própria história. É com você, menina.

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Coma

  Leia ao som de Read All About It, de Emili Sandé.

Olho para o teto, jogada na cama, como se a qualquer hora ele fosse se abrir e como se pudesse ver o céu, as estrelas. E quem sabe, isso trouxesse conforto a mim, que passo horas criando mil teorias para esse término violenta e inescrupulosamente brusco. Sou tomada por uma falta de ar que, garanto, não é mais uma crise de asma. É um nó no peito. Arranco o sutiã, num gesto de desespero, e não vem dele o tal aperto. Dói. Da ponta do pé à cabeça. E é confuso distinguir de onde vem a tal dor, e se é física. Talvez seja na alma. Mas eu não conto, porque minha boca não quer admitir que você se foi e eu não sei por onde, já que a porta da frente continua intacta. Você mudou suas rotas e prefere dar a volta na cidade inteira a passar na minha rua. Eu não sei por que. E, mesmo sem entender nada de coração, eu diagnosticaria que é isso: não saber.
  Eu, cautelosamente, senti o que, hoje, se tornou uma bola de neve e quer te atropelar. Demos um passo de cada vez, lembra? E, então, você resolveu correr. Tentei rascunhar esse texto dez vezes, mas é a minha velha sina: escrever pode organizar ou bagunçar tudo. Não queria mexer nessa caixa que deixei no canto do quarto da empregada, com todas as nossas histórias, e não queria sentir de novo. Fui ao meu lugar secreto algumas vezes e, pior do que gostar tanto de você, foi te levar àquele lugar. Antes, eu ia lá para fugir dos problemas e, agora, ele me faz lembrar o maior deles. Não há uma manhã que eu não acorde perguntando a mim mesma: “por quê?”. Na nossa última conversa, durante seu horário de almoço e na porta da minha faculdade, fiz ânsia várias vezes e preferi engolir. Mas, agora, é inevitável vomitar todas essas palavras em você, porque meu corpo já não aguenta mais.
  Olho para todas essas pessoas e me pergunto se alguma delas viu quem você era antes de ser o que é. Se elas viram sua ligação às 2 da manhã, chorando por ter visto na TV a notícia do acidente com um carro prata e pensado que era o meu. Será que elas viram nosso beijo no fim da tarde em que fomos ao parque? Meu vizinho viu, eu lembro. E paixão? Será que ele viu também? Porque eu estive vendada até agora. Estive anestesiada ou sob o efeito do pior narcótico já inventado que, até semana passada, eu sequer imaginava a existência.
  Reproduzo frequentemente aquela quinta-feira. Entrei no elevador e disse que queria ouvir, seja lá o que fosse. Eu assumi as consequências do meu pedido: queria te ouvir. Você disse “tá tudo bem” e deixou a porta fechar. Sem beijo, sem tchau e sem você. Eu não pude prever, mas acabamos ali. Agora, cato pelo chão, e pelo caminho, e pelas noites mal dormidas o que me resta de esperança, como se, a qualquer momento, a campainha fosse tocar e trazer o alívio imediato que nenhum dos meus calmantes trouxe: uma explicação coerente. Enquanto isso me afogo em lágrimas, em vinho, nos meus soluços quase mudos. É como se essa sincronia de dores fosse me distrair do que realmente me mata. Passo a me privar de abrir a boca, porque eu sei que é bem capaz de sem querer sair um grito, o tal grito de socorro que meu corpo tanto guarda. Meu organismo já não reage e, por mais que eu queira dizer que tenho tentado prestar atenção nas aulas e que não consigo concluir nenhuma redação porque tudo anda desconexo, que eu quero sim ir jantar com as minhas amigas e que “não é nada com você, mãe”, é tarde demais. Estou em coma. Inerte. 

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Se for comigo, faça planos


Leia ao som de Flight Facilities, de Clair de Lune.


 Eu sempre fui meio solta e desleixada: deixo tudo pra depois, quando não deixo pra lá. Já deixei algumas pessoas e até me sinto mal por isso, mas já fui deixada também. E bruscamente. Apesar da minha distração, eu sei bem o que quero e o que fazer para tê-lo. Sei o que quero cursar na faculdade, o lugar onde pretendo morar e os destinos das minhas viagens. Minha mãe diz que eu quero abraçar o mundo e, você sabe como é, mãe está sempre certa.
 Então, se for comigo, faça planos. Porque eu odeio que me deixem à mercê do próprio destino, quando eu mesma já faço isso. Não gosto de esperar por algo que nem sei se vai chegar ou acontecer. Silêncios absolutos me castigam. Eu, sinceramente, não sei o que você quer, ou melhor, não sei se quer e posso dizer o mesmo sobre mim. Mas, por favor, não me prenda. Não me mantenha por puro capricho ou solidão, porque minhas interrogações se bastam e espero uma exclamação. Não cobro nada de ninguém. Nem de você, mas não vejo sentido em dar tantas voltas, se não deseja chegar a lugar algum.
 Eu tenho muitos planos a realizar e pessoas a conhecer. Não posso sentar no meu barzinho preferido e ficar me questionando se é certo ou errado conversar com o cara ao lado, só porque existe você, em algum lugar, conversando com sei lá quem e pensando em sei lá o que. É injusto alimentar algo em vão. É injusto colocar minha liberdade em dúvida. Fale. Pelo sim ou pelo não, fale.
 Se for comigo, faça planos sim. Nem que seja um fim de noite na praia. Uma sessão de cinema no horário mais vazio. Uma ida ao boliche (não. Isso não, por favor, eu não sei jogar). Pelo menos planeje a próxima semana. E, se não os fizer, saiba que vou. Há muita coisa lá fora e eu nunca tive medo de estar só. Assim como você, outra pessoa pode sentar na poltrona ao lado.

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Pra Resumir: os últimos dois meses



O tempo é uma coisa inexplicavelmente maluca. Além de os últimos dois meses terem passado voando, muita coisa aconteceu. E mais: eu aprendi muito. Aqui, nesse espaço, eu resumo um período em fotos. 













 Apesar de as imagens estarem visualmente desorganizadas (pela diferença de tamanho), tentei colocá-las em ordem cronológica. 2014 está me surpreendendo. 


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Lugares onde amaria morar


 Desde que me entendo por gente, gosto de ter um espacinho para chamar de meu. Um lugar para abrigar todo o cansaço do fim do dia e também o meu silêncio, sabe? Por enquanto, esse lugar é o meu quarto. Morar com os pais é maravilhoso e, com toda certeza do mundo, não trocaria isso por nada por enquanto. Normalmente, eu sou bastante quieta e, às vezes, as pessoas nem notam que eu estou em casa. Amo passar o dia inteiro deitada sem fazer nada. Por outro lado, tenho meus dias de super agitação (para quem não sabe: sou oito ou oitenta) e esses são os piores. Gosto de barzinho, cinema, teatro, festa, livraria, praia, cachoeira, serra, ou seja, diversidade. Provavelmente, daqui a um ano vou estar prestes a entrar na faculdade e me despedir do conforto da minha "home, sweet home". Sempre sonhei alto (e longe) e, pensando nisso, cheguei a conclusão de que com certeza moraria em uma dessas cinco cidades. Aviso: esse post é só um devaneio e não vou me mudar para nenhum desses lugares.

Rio de Janeiro























 Talvez, pela ilustração do blog, vocês tenham percebido que eu sou completamente louca/apaixonada pelo Rio de Janeiro. Do tipo que toparia morar num quarto apertadíssimo e com cheiro de mofo (juro que sonhei isso essa semana), desde que fosse na Cidade Maravilhosa. O Rio reúne tudo que eu gosto: paisagem natural, paisagem urbana e um misto de cultura, cinema, teatro, locais históricos, vida noturna que vai desde barzinho na Lapa até baladas muito bem frequentadas (nesse caso, fico com a primeira opção). Ok, nos últimos tempos a violência tornou a cidade um caos e o custo de vida só aumentou. Mas, para morar no Rio, eu contrataria três seguranças bombados sem problemas, viu mãe? A verdade é que o Rio de Janeiro é meu lugar preferido no mundo.

São Paulo

































Se existe ou não amor lá, eu não sei. Mas da minha parte, sim. Minha confissão é: até um ano atrás, São Paulo era sinônimo de desprezo para mim. Nem cogitava a possibilidade de visitar, morar então... Meus pais sempre odiaram São Paulo pela poluição, trânsito e pela quantidade de gente e, ouvindo isso tudo, nunca tive muito interesse. Graças às pessoas que conheci através ou por causa do blog, me apaixonei. Frio, museus, diversidade de restaurantes, lojas, brechós, shoppings, cursos e gente. Em Sampa, no período de duas horas, é possível esbarrar com um cara de cabelo roxo, uma menina que pode-se jurar ser it girl, um hippie e metade do Lookbook. As sedes das maiores empresas e as mais populares redações de revistas também estão lá. Queria abraçar São Paulo, esse mar de gente e as mil opções do que fazer. Mais uma confissão: só conheço a cidade pela janelinha do avião. Apesar de ter ido a várias outras no estado, nunca pisei na capital.

Vila Velha, ES






















 Amo o Espírito Santo e não me faltam histórias a contar sobre esse lugar. Passei a infância inteira visitando Vitória, onde meus tios e minha prima (a Ana, desse vídeo) moram. Há cerca de sete anos, eles se mudaram para Vila Velha, cidade vizinha. Óbvio que as opções de programação não são tão amplas quanto no Rio e em São Paulo, mas Vila Velha está crescendo muito e, por ser vizinha da capital, fica bem perto de "onde tudo acontece". Além do mais, as praias são bem bonitas, o comércio é muito bom e o mercado imobiliário ainda é baratíssimo (não pesquisei no Google para fazer o post, é que tenho mania de pesquisar valor de apartamentos, hahahaha). Acho uma ótima opção para estudantes que querem crescer e ter seu próprio cantinho. É uma forma de acompanhar o crescimento do mercado de trabalho (que é menos disputado que nas capitais) e conseguir ser independente, já que o aluguel dos apartamentos é super em conta.

Curitiba, PR

































 Quem não se sente europeu em Curitiba, que atire a primeira pedra. Adoro a cidade por mil motivos, mas para resumir: frio, arquitetura divina, museus, parques, teatros e o ônibus turístico mais fofo do Brasil. Conheci a Curitiba em 2010 e achei impecável: não ouvi falar de assalto (não sei como andam as coisas agora ou se foi só uma impressão de turista), não se vê um papel de bala no chão, atendimento excelente nos serviços públicos e infraestrutura impecável. Se você não curte a página da Prefeitura de Curitiba, vale a pena. Eles conquistaram milhares de curtidas através do humor nas postagens.

New York, USA






















 Na verdade, esse post é só um subterfúgio para contar que apliquei o golpe do baú e estou me mudando para NYC hoje mesmo. Brincadeira, infelizmente (tirando a parte do golpe, porque Deus me livre). É óbvio que nem cogito a possibilidade de morar em Nova Iorque um dia, mas tenho muita vontade de passar pelo menos um mês estudando lá. Sonhar é de graça, né? Pelo menos dois terços da população mundial, assim como eu, adoraria viver na cidade da Estátua da Liberdade, dos musicais da Broadway, do Brooklyn, da Times Square, do Central Park e de todos os filmes glamourosos.

 Espero que tenham gostado do post meio "Alice no País das Maravilhas" e, se você mora em um desses lugares e tem um colchãozinho sobrando, me adota, por favor.



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Eu gosto


Eu lembro de quando te vi pela primeira vez. Lembro também de não ter dado nada por você. Nada mesmo. Eu pensei “ele é a minha despedida de solteira”, porque eu poderia jurar que estava prestes a entrar num outro relacionamento. Lembro que você bebeu um pouquinho e, eu, apenas uma dose de coragem. E a gente se beijou. Na chuva. Pelas circunstâncias e não por romantismo, óbvio. Não sou romântica há uns bons anos. Você, bem, eu acho que não conheço nada de você. Às vezes, penso estar sozinha, conversando com meus fantasmas, com algum tipo de assombração, mas você está ali: mesmo que distante. E, talvez, haja até fundamento nessa história de fantasma, porque você tem sido o meu. Fico aterrorizada.
 É que eu ainda não sei lidar com esses dois que você tem sido. É que, sabe, nem parece aquele cara que beija o meu olho, e a pontinha do meu pé, e a minha boca, de leve; o que sussurra no meu ouvido um “você chegou na hora certa”. Não vamos ao cinema. Nem ao parque. E sequer aparecemos juntos na frente dos seus amigos. Nem parece que meu celular já acordou algumas vezes no seu criado mudo e que sua mãe sabe que eu gosto de chocolate ao leite.
 Seu irmão me olha com uma cara de “é, eu sei de vocês” e eu respondo com a minha cara de “mas eu não sei”, já que, ultimamente, só tenho essa expressão: de quem não sabe. Isso contradiz a minha personalidade e a minha independência, e o meu juízo e, quem sabe, minha sanidade mental, mas eu não sei, juro. Você deixa poucas pistas no caminho e já não sei decifrar suas meias palavras enigmáticas.
 Mas, mesmo assim, eu gosto de como você me olha. E de como solta meu cabelo quando estou de rabo de cavalo. E de como solta a minha risada, presa pela fadiga e pela incerteza. Gosto de lembrar de como foi a primeira vez que pisei na sua casa e, não tanto, de lembrar do dia que fiquei acordada sozinha durante uma madrugada inteira. Ao seu lado. Mas sozinha. Tinha um nó na garganta e outro no peito. Chorei baixinho.
 E, entre os nossos encontros, agora espaçados, separados por semanas, eu sinto falta do cheiro do seu casaco e da sua companhia. Mas, nos últimos tempos, tenho sentido muito mais falta da sua companhia quando estou com você. Que, eu sei, não está comigo. Nem com ninguém. Eu não quero ser piegas. Porém, como bem sabe (afinal, já estava previsto no contrato “se envolver comigo”): eu sou piegas.
 Nunca me contentei com pouco. Nos últimos meses tenho te arrastado, tenho arrastado suas metades. E por mais que eu goste do jeito que sei que me olharia, caso estivesse te dizendo isso e te encarando nos olhos, eu gosto um pouco mais da minha paz. De mim. Do meu batom vermelho e das minhas amigas do colegial. Eu até sentiria muito, se você não sentisse nada. Cuide-se. E, ah, diga para sua mãe que o café dela é delicioso. 

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Paraty



 Mês passado, eu, meus pais e minha irmã do coração fizemos uma viagem curta. O destino era uma cidadezinha muito charmosa e aconchegante: Paraty. De todos os passeios que já fizemos juntos, creio que esse tenha sido o melhor, apesar da simplicidade do lugar. Ou melhor, por causa da simplicidade. De uns tempos pra cá, as coisas simples têm me atraído bem mais que as glamourosas.
 Fizemos um passeio de escuna incrível, perambulamos pelo Centro Histórico (minha parte favorita da cidade, aliás), entrei em livrarias, parei para assistir às apresentações de artistas de rua, comprei o tradicional doce do carrinho, escolhemos um restaurante muito aconchegante e com música ao vivo para jantar, provei pipoca vermelha, parei para ouvir um moço que falava sobre o hinduísmo e a vida alternativa, comprei o último livro da autora que mais gosto, conheci cachoeiras, fiz amizade com um inglês, fui ao show da minha cantora favorita (sim, eu conheci/conversei/abracei a Manu Gavassi, musa inspiradora de alguns textinhos). Foi tudo incrível e, estou contando superficialmente, porque prefiro guardar os detalhes para mim. Sinto que essa viagem foi muito particular e importante. Estar perto da minha família sempre me renova.
















  Não lembro o nome daquela "semente" da 3ª imagem, mas nosso guia contou que ela era usada na pintura dos índios, também nos explicou o valor medicinal e cultural de diversas plantas (mastiguei umas, inclusive). Hoje, pensando na vida, lembrei dessa viagem e resolvi compartilhar um pouquinho. Vale a pena conhecer Paraty! Vou fazer um outro post com algumas dicas sobre a cidade. Esses dias foram inexplicavelmente incríveis.

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O que é o amor?


 _ Para você, o que é amor? – Ele me perguntou, batendo o cigarro irritantemente no cinzeiro. Eu parecia estar num divã ou na poltrona do Jô Soares, em vez de numa entrevista de emprego.
 Amor é ouvir minha música preferida de 2011 e ficar arrepiada. É chorar quietinha quando termino de ler um livro. É uma foto que tirei num parque de diversões e nunca mostrei para ninguém. Amor é apaixonar-se, só que todos os dias. Pela mesma pessoa. Calmamente e sem pressa alguma.  Amor é muita coisa e, são coisas mínimas, garanto. É andar abraçado, colado, espremido, porque só cabe um embaixo do guarda-chuva (mas, nesse caso, dois). Amor é um pouco de atenção e um abraço-abrigo-refúgio que decompõe todos os problemas. Também é “bom dia”, porque, na verdade, bom é o dia de quem diz, já que o coração acelera enquanto a mensagem é digitada. Amor é ouvir, é sim.
 É ceder um espaço na cama de solteiro, que só é desse tamanho para obrigar a dormir abraçadinho. Talvez, aprender a jogar Xbox e ir ao shopping também sejam. Amor é ir ao cinema sem saber o que está em cartaz e, ao chegar em casa, continuar sem saber, porque a companhia é bem mais interessante que o telão. É amadurecer todos esses detalhes que, realmente, devo concordar: são paixão. E querer que durem um pouco mais ou bem mais ou que não acabem, e se torne rotina fazer bem à outra pessoa. É todo dia e nem se nota, mas é amor. Amor é o que meu bloco de notas guarda em segredo. E também é dizer que o melhor sábado do mês foi aquele: em casa, assistindo Zorra Total e discutindo se a novela merecia ou não aquele final. Amor é coisa de livro e não é à toa que pretendo escrever um. Amor é minha mãe. Meu pai. Meus cachorros. A pessoa em quem penso antes de dormir. É o que me mantém viva – pensei. Mas suspirei e disse:
_ O próprio –  fingindo ser mais uma vítima da frieza viral e da síndrome do desapego. Afinal, dizem que isso é ser forte.


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Vão



 São 6:49 da manhã. É uma pena que a viagem já tenha acabado. Não que eu queira, o dever me obriga. Entre as curvas da serra, procuro alguma razão legítima que me faça voltar pra casa. Talvez, há alguns dias, fosse você. Mas não, não há nada. Vou além: estou me revirando, me pondo ao avesso, para ver se alguma parte de mim ainda esboça reação quando você é lembrado. Não. Nada.

 Um moço de azul passou por mim. Eu o vi nele. Não que tenha lembrado. É que você é muito comum. Além das suas roupas, dos seus gostos e fisionomia, seus defeitos são bastante comuns. São exatamente aqueles que abomino. Acabou a admiração e essa é a pior parte. Talvez, tudo que via de diferente e admirável, fosse fruto da minha imaginação. Atribuo isso aos filmes da Disney que assisti na infância. Tenho tendência a procurar o lado bom das pessoas e, para encontrá-lo, às vezes cavo um buraco maior do que sou capaz de tapar.

 Quando nos conhecemos, eu não esperava nada de você. Ainda não espero. Mas, por um instante, pensei que pudesse preencher algumas lacunas da minha vida. Cheguei a uma conclusão irreversível: você é a pegadinha da questão. Aquela lacuna que só serve para confundir e que, no fim, fica em branco. Queria poder dizer que me sinto, ao menos, decepcionada, mas a única coisa que posso afirmar com sinceridade é que sinto muito. Você teve a oportunidade, mas não me fez sentir nada diferente. Sei que ficará restrito às poucas linhas desse texto, mesmo que tenha tido a chance de escrever uma nova história.

Imagem: We Heart It

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Abrindo o baú: melhores viagens









Desde pequena, um dos meus maiores sonhos é rodar o mundo. Não é forma de dizer: queria poder colocar uma mochila nas costas (na verdade, uma mala de carrinho bem grande, porque não sou tão prática) e desbravar até os lugares que não sei que existem. Graças a Deus, minha família sempre alimentou e contribui para que essa vontade crescesse.
 Minha primeira viagem foi com apenas um mês de nascida, para conhecer a família materna. Até uns 4 anos atrás, eu e meus pais viajávamos com uma frequência bem maior e acabo sentindo um pouco de falta de "morar" por uns dias em hotéis Brasil afora.
 Quando fiz 15 anos, dediquei uma página inteira do meu álbum para escrever os nomes das cidades que tinha passado até então. Para completar, descobri esses dias que meu nome tem outro significado além de "a que traz felicidade": viajante. Coincidência, não? É, não. Não acredito muito em coincidências e acho que esse é só mais um motivo para querer fazer jus ao nome que carrego.
 Só queria dizer mais uma coisa: acreditem fielmente em todos os seus sonhos. Antes de dormir e ao acordar, lembrem de contá-los a Deus. Acontecem, viu?




























 Buenos Aires, 2008. Presente de aniversário de 10 anos. Logo depois, embarcamos para o Chile.


























 Curitiba, 2010. Odeio meu cabelo nessa viagem, portanto nunca posto fotos minhas. Mas Curitiba é linda. Está entre as primeiras entre "cidades que quero voltar".

MSC Musica, 2011. Ao lado das pessoas que alimentam a cada uma das minhas milhares de loucuras.

 Orlando, 2012. Ir a todos os parques da Disney não pode ser definido de outra forma: realização do meu maior sonho. Meus tios são como pais para mim. Foram eles os responsáveis pelos dias mais mágicos que já vivi. 

 Há muitas outras fotos, viagens e histórias. Não encontrei o DVD com backup do computador dos meus pais, onde as outras imagens estão. Qualquer dia desses, acho e venho aqui compartilhar. Quais são os sonhos de vocês? O que os separa deles? Acreditem!

Primeira imagem: We Heart It.


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Mimimi: experiências de intercâmbios de Nathália Travaglia



 SURPRESA! Quem achou que a conversa com a autora Nathália Travaglia tinha acabado, errou. Eu e Nath temos um amor em comum: o mundo. Seu primeiro livro, Isto Não é Permitido, surgiu graças às suas experiências em um dos intercâmbios que fez.
 Nathália morou nos Estados Unidos, no Egito e na Alemanha e, detalhadamente, contou o que cada país a ensinou e os momentos únicos que passou.

DDD- Sobre suas viagens ao exterior: você já fez intercâmbio para os Estados Unidos, Egito e Alemanha, porém com objetivos diferentes, certo? O que pretendia em cada uma dessas viagens?

 Nathália: Países que eu já visitei, são vários, mas eu prefiro falar sobre os que eu morei. Cada intercâmbio teve um motivo, uma época, um significado e uma importância especial na minha vida. O primeiro deles foi Berlim. Chegar em uma cidade às duas horas da tarde em pleno mês de dezembro e encontrá-la escura, me assustou um pouco. Nas primeiras semanas não me adaptei com a comida, vomitava quase todos os dias. Peguei temperaturas de -22 graus e vi neve pela primeira vez na minha vida. Me apaixonei várias vezes, pela cidade, pelos amigos, pelo meu emprego. Ah, e o meu emprego, o objetivo desse intercâmbio foi fazer um estágio em um instituto federal de pesquisas e testes em materiais. Foram 3 meses convivendo com tecnologias de ponta, com uma equipe de cientistas que me ensinaram mais do que eu aprendi a minha vida inteira de estudos. Palestras que me faziam sentir que eu estava num filme de ficção tamanha disparidade com a tecnologia no Brasil. Fiz grandes amigos, com os quais mantenho contato até hoje (vou visitar dois agora em junho, na Itália). Berlim pra mim foi, de longe, meu melhor intercâmbio, minha cidade favorita no mundo e onde meu coração ficou.
Egito. Eu nunca pensei em ir ao Egito. Lembrava do Egito dos livros de história e de Harry Potter! Enquanto estava na Alemanha eu conheci a AIESEC, e me apaixonei pelo trabalho deles. Eles fazem intercâmbios voluntários no mundo inteiro e tem vários tipo de trabalhos. Eu decidi que queria usar minhas férias para fazer alguma coisa boa. Eu sempre fiz trabalho voluntário no Brasil, mas queria essa experiência de algo no exterior. Busquei vagas em vários lugares, me apaixonei por uma na Grécia, mas não consegui a vaga, pediam um idioma que eu não falava. Por fim apareceu uma vaga no Egito para brasileiros. Eu me candidatei, fui aprovada, mas anularam o programa. Nessa altura do campeonato, eu já sabia tudo sobre o Egito, já tinha até mesmo comprado minhas passagens, um livrinho "como se virar no Egito" e tudo mais. Decidi que iria para lá de qualquer forma. Saí procurando todas as vagas que tinham naquele país. Consegui uma, em um orfanato em Cairo. Eu brincaria com as crianças e ensinaria um pouco de inglês para elas. Eles me aceitaram e poucos dias antes de sair o resultado das eleições deles, lá estava eu, quase caindo dentro do Rio Nilo. Foram 54 dias intensos, com problemas e alegrias. Foi o intercâmbio que eu mais aprendi. Aprendi a dar valor ao meu país, a minha família, aos meus amigos e a essa liberdade que nós temos no Brasil principalmente no quesito religioso (eu sou evangélica) .
Estados Unidos- Eu não estava muito feliz de ir para os Estados Unidos. Você vai me dizer que isso é um sonho e tudo mais. Mas o fato é que quando eu apliquei para o Ciência Sem Fronteiras, apliquei para o Reino Unido, eu queria voltar desesperadamente para perto de Berlim, queria ir para lá todos os feriados que tivesse. Queria estar naquela cidade de qualquer forma. Pois bem, eu fui pros USA, não bastasse ser ali, fui para uma cidade no noroeste do país, que ficava a apenas 7 horas de voo do Japão. Me deixaram o mais longe possível do que eu amava. Portland é uma cidade linda e em alguns pontos se assemelha a Belim, fiz ótimos amigos. O outono era lindo, até que a chuva começou. Choveram por exatamente 9 meses. Os nove meses que eu passei ali, naquela cidade. Eu morava sozinha em um studio 4x3. Janeiro, quando o inverno chegou, eu já não saía de casa, foi aí que eu comecei a escrever meu primeiro livro "Isto Não é Permitido". Foi o que segurou a barra do inverno, dos dias curtos e as noites mais longas que eu já tive na vida. Eu sofria e chorava junto com minha personagem principal, mas todas as noites eu estava ali com ela, escrevendo letra por letra da vida dela. O inverno foi passando e com ele as páginas do livros foram chegando ao fim. Não vou mentir e falar que na primavera parou de chover e foi tudo alegria. Não parou, mas tinha momentos de sol que eu curtia cada segunda naquela praça no meio da universidade. Ah Portland.
No verão, eu decidi mudar para Califórnia. Não aguentava mais as chuvas! Prefiro o deserto do Cairo! Pois bem, me mudei para a Universidade de Stanford. Todos os dias com sol! A universidade era linda, fiz vários amigos. Comecei outro livro. Infelizmente Stanford passou muito rápido, mas a outra parte do meu coração que ainda restava em mim ficou ali. Naquele quarto do prédio do Potter no Sterling Quad. Número 205.

Lendo os relatos e as experiências incríveis da Nathália, fiquei com vontade de arrumar a mala e sair rodando o mundo! Gostaria de agradecê-la por ter aberto seu coração de forma tão franca para o Dama do Drama. A Nath sempre será muito bem vinda aqui!


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Ele


(Dê play em "I can't make you love me" e leia)

 Ele era o café da manhã de segunda-feira. Aquela refeição que é a mais importante da semana, a que sustém. Ele era um moço de fala tranquila, tinha explicações mansas para tudo que havia de errado, confuso e angustiante. Ele era minimante o porquê de não haver mais por quês. Era simples. Parecia aquelas frações com denominador enorme. Sabe aquelas que são divisíveis por dois? Então, era assim. Ele parecia ter sido simplificado várias vezes e chegado a um número irredutível. E era fascinante não carregar essas angústias que todo mundo carrega por viver com fardos, por amar o que traz peso, o que traz dúvida. Ele era como aqueles livros infantis  finos e ilustrados. Era de leitura clara, era fácil de ser entendido, tinha sempre bons finais. Assemelhava-se a um anjo por tamanha pureza. Não via mal em nada. Nem em mim. Que apesar de boa, o fiz chorar agarrado ao lenço vermelho que carregava meu cheiro. Ele era cheiroso também: acho que seu perfume era como o das flores que há nos bosques ainda não descobertos.
 Ele era o ser mais lindo de todo Universo. Era lindo em sua essência. No filme que às vezes passa na minha cabeça, eu paro em frente à sua cama e o observo enquanto dorme. Não chego nem a tocar em seus cabelos negros, muito menos em sua pele alva. O meu último desejo seria esse: vê-lo viver, sem incomodar. Saber se as notas da faculdade estão satisfatórias e se sente saudade da casa dos pais. Mas não mando mensagem, não peço notícias. De vez em quando, antes de dormir, eu peço a Deus que cuide dele, que não permita que gente ruim o encontre.
 Ele era a pessoa mais linda no mundo, já falei? Pois bem, acho que eu não serviria para alguém assim. Sei lá por que, acho que minha missão aqui é só contar sobre as pessoas que passam por mim. Creio que ninguém fique na minha vida por muito tempo, sabe? Na verdade, ninguém fica na minha vida. As pessoas passam. Ele passou e deixou rastros de luz. Rastros de amor, de bondade, de calma. Deixou uma admiração sem fim. Deixou uma saudade boa, que não passa nunca. Não passou com o tempo, muito menos com esses outros rapazes que passaram por mim. Eu com certeza o tatuaria no peito. Eu com certeza o escreveria um livro. Mas eu não faço nada disso. Eu só o observo nos meus sonhos, com um outro alguém, um alguém que é, diferente de mim, que apenas fui e fui rapidamente. Esse alguém o traz paz e certeza. E isso eu não saberia fazer: trazer paz. Eu sou uma tempestade em conta gotas, sou um livro escrito em hebraico de trás para frente.
 Fique tranquilo, eu estou bem. Mesmo com essa saudade que não cabe em lágrimas, não cabe em músicas, nem nos cinco cômodos dessa casa, nem nos rapazes que me chamam para o cinema, nem no salário que mantém minhas contas e futilidades. É uma saudade adormecida, sinto apenas quando as pessoas vão embora e a música para de tocar. É sério, eu juro que estou legal. Sempre fica tudo bem. Ele era a coisa mais bonita que eu tinha e tudo que eu desejava, era vê-lo feliz. E é por isso que eu fui embora: eu não saberia cumprir essa missão. Mas, ouça bem, moço: se um dia o encontrar na rua, não esquece de conferir se ele carrega um sorriso largo, se está com uma boa feição. Vê e me conta. Porque, se não estiver, eu redobro minhas orações, eu abro mão do meu anjo da guarda, só para que ele esteja bem. 

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Mimimi: Nathália Travaglia



 O Mimimi de hoje é cheio de cultura, conhecimento e amor. Conversei com Nathália Travaglia, autora do livro "Isto Não é Permitido", estudante de Engenharia Metalúrgica, viajante e, coincidentemente, prima da atriz e cantora, Sophia Abrahão. 

DDD- Sua primeira faculdade foi a de Letras. Agora, você cursa Engenharia Metalúrgica, uma área totalmente diferente. O que te levou a mudar?

Nathália: Decepção. Eu me decepcionei com o curso de Letras e a instabilidade da UFOP, todo período era uma grade diferente, eu nunca sabia quais matérias cursar e não sabia se meu curso (bacharelado em Literatura) existiria quando eu formasse, pois queriam acabar com ele. Aí um dia eu resolvi conversar com algumas pessoas do departamento de graduação da UFOP, me indicaram mudar de curso, mas antes disso cursar algumas matérias para ter fereza que eu realmente queria aquilo. Foi quando eu puxei algumas matérias de Engenharia de Minas. Eu fiz aula com um professor excelente que era apaixonado pelo curso e com isso eu me apaixonei por Engenharia de Minas (eu faço metalúrgica). Decidi que não queria mais morar em Ouro Preto e tentei Engenharia de Produção na UFOP campus João Monlevade, passei. Passei também em Engenharia Metalúrgica na UEMG também na cidade de João Monlevade. Com um curso diurno e um noturno eu levei os dois por 3 anos até ter que optar por metalurgia por causa das minhas constantes viagens para o exterior.

DDD- E quando ele viu totalmente pronto, o que achou?

Nathália: Foi a primeira vez que meu pai me elogiou na vida. Eu lembro direitinho dele falando comigo no telefone falando que eu tinha talento. Ele sempre foi um pouco frio, nunca me deu os parabéns por nada na faculdade. Nem quando passei nos vestibulares (que foram vários, hahaha), nem pela bolsa de estudos do governo, nem pelo estágio na Alemanha. Então, pra mim, ao ouvir aquilo já tinha valido a pena, não precisava publicar, não precisava mais nada. Eu já estava realizada.

DDD- Como foi esse período entre o término do livro e a publicação? Você trabalhou sozinha para que ele fosse publicado ou teve algum tipo de ajuda?

Nathália: Tive amigos me ajudando na capa e um amigo do meu pai me ajudou na publicação. Ele tem uma gráfica, aí eu olhei tudo com ele. Mas no geral eu que corri atrás de tudo mesmo.

DDD- No Brasil, é muito difícil viver de Literatura, manter-se financeiramente. Você, em particular, obteve um bom retorno financeiro com o "Isso Não é Permitido"?

Nathália: Não e eu nunca fiz visando esse retorno. Quando decidi publicar por conta própria, eu já sabia que estava gastando meu dinheiro e que talvez não ia ter ele de volta. Mas a satisfação de ter publicado ele é bem maior que a satisfação financeira. Claro que eu queria vender milhões e viver disso, mas não é o caso.

DDD- Com isso, uma pergunta é inevitável: valeu a pena? Faria tudo novamente?

 Nathália: Valeu! Cada etapa! E com certeza faria tudo novamente, bom, na verdade já estou escrevendo outro.

DDD- Pode adiantar ao menos o assunto do próximo pra gente ou ainda é segredo?

Nathália: Diferente do primeiro, esse é policial, está sendo escrito em parceria com a minha irmã e também traz vários países no enredo. Ah, e é uma trilogia.

DDD- Seu livro está sendo vendido na loja online da sua prima, Sophia Abrahão. Certamente, a popularidade dela e o grande número de fãs, possibilitou que várias pessoas conhecessem sua obra. Em algum momento se referiram negativamente a você por conta desse grau de parentesco? Já houve um "prima da Sophia Abrahão" que soasse de forma maldosa?

Nathália: Não, pelo contrário, os fãs dela no geral são bem atenciosos.

DDD- Última perguntinha: Como se vê daqui a 5 anos? Trabalhando em área, com quantos livros publicados e em que lugar do mundo?

Nathália: Trabalhando com Engenharia na Europa e escrevendo por hobby.


 Sou suspeita, mas adorei conversar com a Nath! Quando os assuntos são livros e viagens, tudo se torna ainda mais interessante. E principalmente com alguém tão doce. Sabem qual é a boa notícia? Amanhã tem um bônus dessa entrevista aqui no blog e o tema é: intercâmbio! Até amanhã!

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 Ops, foi sem querer. Tropecei e sei lá como essa mensagem foi enviada. Eu juro, não era nada disso que eu estava planejando há uns cinco dias. Também não pretendia te encontrar esse final de semana às nove em frente ao barzinho que sempre combinávamos de ir e nunca fomos. Não é nada disso. Agora imagina como seria se você fosse e a gente bebesse umas quatro doses de tequila (que nós certamente não beberíamos, porque eu te daria uma bronca antes) e lembrássemos da primeira vez que saí de carro com você. Você saiu e ficou encostado na sua porta, enquanto eu continuei sentada, acreditando que abriria a minha. Quando desencantei da possibilidade de cavalheirismo, uns quatro minutos depois, abri e saí rindo. Você reparou o porquê, soltou uma gargalhada alta e perguntou: “vai me dizer que ainda acredita em príncipe encantado e conto de fadas?”. Acreditei até em você, animal. Eu estava puta. Cê passou o dia meio frio e distante. Não me beijou para se despedir. Respondeu minha mensagem de boa noite com um “ok”. Mas tá ok.
  Agora pensa se nessa mensagem tem também um “ainda quer ter quatro filhos comigo? Tudo bem, vou ceder. Deixo eles terem a sua boca, apesar da minha ter formato de coração”. Acho que você toparia. Ia me largar assim que eu engordasse os dois primeiros quilos, mas seria uma boa ter filhos seus. Sua mãe que não ia gostar nada, eu sei que ela não foi com a minha cara. Ela preferia aquelas suas amigas meio piranMODERNAS... Aposto que ela falou de mim quando eu saí e disse que eu não era boa pra você, que era meio fresca. Minha mãe também não gostava de você e nem meu pai e nem minhas amigas, mas minha cachorra gostava e isso já era um bom começo, né? Mas, depois, a gente discutiu porque você não queria ir à igreja comigo aos domingos e não respondia mais minhas mensagens num prazo de um minuto e aí as coisas ficaram sérias. Eu pensei que fosse mais uma birra do garoto de 11 anos (para deixar clara sua mentalidade) com quem eu saía e que jurava ser meu futuro amorzinho. Mas era você dizendo que já tinha cansado de ser um cara legal e que tinha medo de continuar comigo e querer ser um cara legal de vez. Falando sério sobre essa nossa comédia nem um pouco romântica e meio estabanada, desengonçada e, quem sabe, trágica: você tinha um medo danado de se apegar a mim. Se apegar a mim ainda mais. Se apegar a mim e não querer mais soltar. E já tava com sintomas, que eu percebi. Cê foi, aprontou todas, eu fui a umas baladas, fiquei com uns caras tipo você, outros tipo você só que melhores, mas to aqui te mandando mensagem para saber: como é que você está? E aquele bar, será que rola?

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Pra Resumir: Praia, Passagem e Páscoa

Aqui, você acompanha como têm sido meus dias através de fotos.



 Minha Páscoa (Feliz Páscoa atrasada!) resumida em uma foto e minhas unhas descascando.


Meu bairro favorito da minha cidade natal: Passagem. Tem um ar bem retrô.



 Esses foram meus últimos dias de feriado. Hoje é feriado aqui no estado do Rio de Janeiro, ou seja, estava quase de férias. Amanhã volta tudo ao normal e, provavelmente, vocês verão fotos de cadernos, calculadora, eu dormindo em cima de livros...

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