O que vem depois do depois?


















Leia ao som de Read All About It, de Emili Sandé (novamente!).


Eu planejei coisas paras as férias e fiz quase todas. Fiquei ansiosa para começar no emprego novo e, nossa, quanta coincidência receber essa proposta. Eu penso nisso desde criança. Pensei no curso; em como comemoraria essa oportunidade. Não estava satisfeita com o lugar onde estudava. Mudei. Deixei tanta gente que amo para trás. E fracassei num relacionamento fracassado. O que acontece agora? O que acontece depois de tudo o que um dia a gente chamou de depois? É só viver normalmente e ficar esperando? Eu não sei fazer isso. Costumo fazer o plano A, e o plano B; e o C, só por precaução. Quando todos os planos acabam, o que as pessoas fazem? Por favor, me conte. Porque eu já liguei a televisão. E já li todo o livro de História. Eu já visitei meus avós e também fui a um barzinho. Eu acordo todos os dias esperando que hoje (meu Deus, tem que ser hoje!), eu encontre alguma resposta. Sei lá, a minha casa tem estado desconfortável e, os assuntos com meus amigos, sem graça.

Já se afogou? Pois bem. Eu tenho muito medo de mar. Acho que ninguém sabe, mas toda vez que vou à praia, fico observando o mar. As pessoas acham isso poético ou que é apenas admiração. Mas, na verdade, fico imaginando como deve ser a sensação de estar se afogando. Fico imaginando como é perder o ar e não ter lugar algum para segurar e poder respirar novamente. Imagino o desespero de engolir água e de tentar bater os pés, e ainda gritar ao mesmo tempo. Tenho me sentido assim. Aliás, esse é o conceito que criei para a sensação mais abstrata que ando carregando: a de estar sufocada e não ter onde segurar. Quando eu fecho os olhos, sinto a falta de ar. Sinto as bolhas saindo pelo meu nariz. Sinto a força da água.

 Já pensei que talvez eu só seja alguém que nunca está satisfeito com o que tem, mas é que, como é difícil... Estou em um lugar que não quero mais estar. Gosto da minha casa e do cheiro do meu quarto, mas as ruas me olham com rispidez. É utopia acreditar que posso me satisfazer só com o que está da porta para dentro. E todo o resto da cidade? Eu quero isso: a cidade.

 Eu quero poder querer o que quero. Sem as palavras empurradas para minha boca, sabe? Sem essa necessidade de dizer o que diriam, porque eu não diria. Eu não. Eu.


  E agora? Agora é o que chamei de “depois” há uns meses. E eu não conseguia enxergar que o depois tinha um depois. As pessoas me cumprimentam no ônibus e minhas amigas falam sobre o cinema de ontem, mas ninguém sabe responder a todas essas perguntas que carrego, dia após dia, para o meu travesseiro. Ninguém sequer  vê que ando por aí com uma interrogação na testa. O que vem depois de você ter feito todas as coisas que sabia que poderiam ser feitas?

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