120 dias pensando em você


 Veja que boba sou, estou aqui escrevendo sobre e para você. Agora fora do meu moleskine vermelho. Meio na lua, que hoje está em eclipse, meio aí na sua casa (em pensamento). Sei que, caso estivesse aqui, riria com tamanho desconcerto e com o corar das minhas bochechas, como em todas as vezes que penso em você. Quando cruzou aquela porta, te achei estranhamente bonito, mas também pensei que sua camisa e sua bermuda não combinavam muito. Eu quis saber seu nome, mas não tanto quanto o de um outro garoto que chegou antes. Você falava de um jeito engraçado e, ao mesmo tempo, irritante, então eu preferi te achar apenas irritante. Mas de vez em quando meu escudo falhava, e eu soltava uma risada discreta por uma de suas piadas (droga!). Implicava mentalmente com tudo o que dizia e até com o que eu achava que você estava pensando. Você parecia não achar nada de mim. Até eu me meter em confusão e passar a ser uma semi-heroína fruto da sua ingênua imaginação.

 Eu parei de falar de você e passei a falar sobre você. E a te achar inteligente. E engraçado. Você não é bobo como imaginava, confesso. Na verdade, é bastante engraçado. Adoro o quanto é justo. Quando vê algo errado, fica sério e ainda mais bonito. Pode até ser que seja só um adolescente impulsivo, mas até seus impulsos revelam o coração bom que tem. Às vezes, eu paro e fico te admirando. De soslaio. Não dou o braço a torcer.

 Se pudesse, voltaria àquela festa e te responderia diferente. E dançaria com você. Talvez até te roubaria um beijo, mas todas aquelas pessoas nos olhariam e eu prefiro quando estamos só nós dois. Voltaria aos cinco minutos em que falava sobre meu medo do futuro despretensiosamente e você parecia não duvidar nem um pouco de que tudo daria certo. Também gosto desse seu lado.

 Azul turquesa é minha cor favorita desde que saí da fase Barbie e “patricinhas influentes da escola”.  Azul turquesa é a cor dos seus olhos assustadoramente hipnotizantes (às vezes eu desvio o olhar de agonia do quanto eles são bonitos, você percebe?). E, ainda mais, você é fã de Lulu Santos e cantarola Skank por aí. Odeio ter descoberto essas coisas. Elas me fazem pensar em você e no quanto ficaria lindo usando preto. Aliás, você não tem nenhuma camisa preta, não é? Pensando no fato de eu não estar aqui antes, ainda bem que não tem.

 Mesmo que seja só uma grande brincadeira ou gozação da vida, algo me diz que, caso não seja agora, vamos nos esbarrar por aí, tomar uma taça de vinho e lembrar que não sou atraente comendo McDonald’s e que você dormia escorado em qualquer lugar. Mas espero te reencontrar amanhã e não daqui a três anos. Desde que notei quem realmente é, não quero esperar mais que um dia até te ver novamente. 

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