Se for comigo, faça planos


Leia ao som de Flight Facilities, de Clair de Lune.


 Eu sempre fui meio solta e desleixada: deixo tudo pra depois, quando não deixo pra lá. Já deixei algumas pessoas e até me sinto mal por isso, mas já fui deixada também. E bruscamente. Apesar da minha distração, eu sei bem o que quero e o que fazer para tê-lo. Sei o que quero cursar na faculdade, o lugar onde pretendo morar e os destinos das minhas viagens. Minha mãe diz que eu quero abraçar o mundo e, você sabe como é, mãe está sempre certa.
 Então, se for comigo, faça planos. Porque eu odeio que me deixem à mercê do próprio destino, quando eu mesma já faço isso. Não gosto de esperar por algo que nem sei se vai chegar ou acontecer. Silêncios absolutos me castigam. Eu, sinceramente, não sei o que você quer, ou melhor, não sei se quer e posso dizer o mesmo sobre mim. Mas, por favor, não me prenda. Não me mantenha por puro capricho ou solidão, porque minhas interrogações se bastam e espero uma exclamação. Não cobro nada de ninguém. Nem de você, mas não vejo sentido em dar tantas voltas, se não deseja chegar a lugar algum.
 Eu tenho muitos planos a realizar e pessoas a conhecer. Não posso sentar no meu barzinho preferido e ficar me questionando se é certo ou errado conversar com o cara ao lado, só porque existe você, em algum lugar, conversando com sei lá quem e pensando em sei lá o que. É injusto alimentar algo em vão. É injusto colocar minha liberdade em dúvida. Fale. Pelo sim ou pelo não, fale.
 Se for comigo, faça planos sim. Nem que seja um fim de noite na praia. Uma sessão de cinema no horário mais vazio. Uma ida ao boliche (não. Isso não, por favor, eu não sei jogar). Pelo menos planeje a próxima semana. E, se não os fizer, saiba que vou. Há muita coisa lá fora e eu nunca tive medo de estar só. Assim como você, outra pessoa pode sentar na poltrona ao lado.

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