Mimimi: experiências de intercâmbios de Nathália Travaglia



 SURPRESA! Quem achou que a conversa com a autora Nathália Travaglia tinha acabado, errou. Eu e Nath temos um amor em comum: o mundo. Seu primeiro livro, Isto Não é Permitido, surgiu graças às suas experiências em um dos intercâmbios que fez.
 Nathália morou nos Estados Unidos, no Egito e na Alemanha e, detalhadamente, contou o que cada país a ensinou e os momentos únicos que passou.

DDD- Sobre suas viagens ao exterior: você já fez intercâmbio para os Estados Unidos, Egito e Alemanha, porém com objetivos diferentes, certo? O que pretendia em cada uma dessas viagens?

 Nathália: Países que eu já visitei, são vários, mas eu prefiro falar sobre os que eu morei. Cada intercâmbio teve um motivo, uma época, um significado e uma importância especial na minha vida. O primeiro deles foi Berlim. Chegar em uma cidade às duas horas da tarde em pleno mês de dezembro e encontrá-la escura, me assustou um pouco. Nas primeiras semanas não me adaptei com a comida, vomitava quase todos os dias. Peguei temperaturas de -22 graus e vi neve pela primeira vez na minha vida. Me apaixonei várias vezes, pela cidade, pelos amigos, pelo meu emprego. Ah, e o meu emprego, o objetivo desse intercâmbio foi fazer um estágio em um instituto federal de pesquisas e testes em materiais. Foram 3 meses convivendo com tecnologias de ponta, com uma equipe de cientistas que me ensinaram mais do que eu aprendi a minha vida inteira de estudos. Palestras que me faziam sentir que eu estava num filme de ficção tamanha disparidade com a tecnologia no Brasil. Fiz grandes amigos, com os quais mantenho contato até hoje (vou visitar dois agora em junho, na Itália). Berlim pra mim foi, de longe, meu melhor intercâmbio, minha cidade favorita no mundo e onde meu coração ficou.
Egito. Eu nunca pensei em ir ao Egito. Lembrava do Egito dos livros de história e de Harry Potter! Enquanto estava na Alemanha eu conheci a AIESEC, e me apaixonei pelo trabalho deles. Eles fazem intercâmbios voluntários no mundo inteiro e tem vários tipo de trabalhos. Eu decidi que queria usar minhas férias para fazer alguma coisa boa. Eu sempre fiz trabalho voluntário no Brasil, mas queria essa experiência de algo no exterior. Busquei vagas em vários lugares, me apaixonei por uma na Grécia, mas não consegui a vaga, pediam um idioma que eu não falava. Por fim apareceu uma vaga no Egito para brasileiros. Eu me candidatei, fui aprovada, mas anularam o programa. Nessa altura do campeonato, eu já sabia tudo sobre o Egito, já tinha até mesmo comprado minhas passagens, um livrinho "como se virar no Egito" e tudo mais. Decidi que iria para lá de qualquer forma. Saí procurando todas as vagas que tinham naquele país. Consegui uma, em um orfanato em Cairo. Eu brincaria com as crianças e ensinaria um pouco de inglês para elas. Eles me aceitaram e poucos dias antes de sair o resultado das eleições deles, lá estava eu, quase caindo dentro do Rio Nilo. Foram 54 dias intensos, com problemas e alegrias. Foi o intercâmbio que eu mais aprendi. Aprendi a dar valor ao meu país, a minha família, aos meus amigos e a essa liberdade que nós temos no Brasil principalmente no quesito religioso (eu sou evangélica) .
Estados Unidos- Eu não estava muito feliz de ir para os Estados Unidos. Você vai me dizer que isso é um sonho e tudo mais. Mas o fato é que quando eu apliquei para o Ciência Sem Fronteiras, apliquei para o Reino Unido, eu queria voltar desesperadamente para perto de Berlim, queria ir para lá todos os feriados que tivesse. Queria estar naquela cidade de qualquer forma. Pois bem, eu fui pros USA, não bastasse ser ali, fui para uma cidade no noroeste do país, que ficava a apenas 7 horas de voo do Japão. Me deixaram o mais longe possível do que eu amava. Portland é uma cidade linda e em alguns pontos se assemelha a Belim, fiz ótimos amigos. O outono era lindo, até que a chuva começou. Choveram por exatamente 9 meses. Os nove meses que eu passei ali, naquela cidade. Eu morava sozinha em um studio 4x3. Janeiro, quando o inverno chegou, eu já não saía de casa, foi aí que eu comecei a escrever meu primeiro livro "Isto Não é Permitido". Foi o que segurou a barra do inverno, dos dias curtos e as noites mais longas que eu já tive na vida. Eu sofria e chorava junto com minha personagem principal, mas todas as noites eu estava ali com ela, escrevendo letra por letra da vida dela. O inverno foi passando e com ele as páginas do livros foram chegando ao fim. Não vou mentir e falar que na primavera parou de chover e foi tudo alegria. Não parou, mas tinha momentos de sol que eu curtia cada segunda naquela praça no meio da universidade. Ah Portland.
No verão, eu decidi mudar para Califórnia. Não aguentava mais as chuvas! Prefiro o deserto do Cairo! Pois bem, me mudei para a Universidade de Stanford. Todos os dias com sol! A universidade era linda, fiz vários amigos. Comecei outro livro. Infelizmente Stanford passou muito rápido, mas a outra parte do meu coração que ainda restava em mim ficou ali. Naquele quarto do prédio do Potter no Sterling Quad. Número 205.

Lendo os relatos e as experiências incríveis da Nathália, fiquei com vontade de arrumar a mala e sair rodando o mundo! Gostaria de agradecê-la por ter aberto seu coração de forma tão franca para o Dama do Drama. A Nath sempre será muito bem vinda aqui!


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